CAIXA DE SAPATO

Neco, além de sardento, possuía uma enorme bochecha rosada, era o mais velho da turma e gostava de brincar com seus amigos da escola. Nesse instante apareceu Horácio, que andava com muita dificuldade, com passos lentos e apoiando numa bengala de madeira envernizada. Aproximou com semblante de quem tinha acabado de acordar, então, agachou vagarosamente e perguntou aonde iam com aquela caixa de sapato. Os garotos fizeram o maior alvoroço. Horácio era o tio que eles mais admiravam, entretanto, dava a maior dor de cabeça pra ele. Certo dia, no sítio do tio Horácio. Neco não parava de pregar as malditas madeiras que encontrou logo ali. Então, Neco distraiu-se e mandou aquele martelo pesado com toda força no seu dedo esquerdo, e assim, soltou um enorme berro, ficou pulando por muito tempo de um lado para outro, era um berro e dois pulos. E depois agarrou o dedo enlouquecido e correu sem parar, levou rapidamente a torneira e molhou o dedo várias vezes, estava todo machucado e inchado. Escorria lágrimas dos seus olhos, parecia uma nascente. Depois de alguns minutos, a dor foi sumindo aos poucos e o dedo estava todo roxo, então, naquele momento ele saiu correndo até a sua casa, pegou a caixa de sapato com suas pedras coloridas que guardava a sete chaves. Era uma espécie de amuleto da sorte, que na hora do aperto, ele ficava horas contando aquelas pedras. E assim, a dor ia sumindo de dentro dele por completo. Depois de alguns minutos, como era de se esperar, ficava calmo e voltava brincar novamente.

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